segunda-feira, 14 de março de 2011

Velha infância

Tempo bom mesmo era o tempo que éramos crianças. Não tínhamos a preocupação de estar sempre na moda, vestindo roupas de marcas famosas e com preço alto, muito menos de estar sempre combinando. Não tínhamos de nos preocupar com nada. Absolutamente nada.

Sinto meu corpo e minha cabeça passando por uma incrível vertigem e como nos filmes de ficção, agora eu tenho três anos de idade.

São 10:30 da manhã e eu ainda estou deitada no meu berço, com vários brinquedos espalhados pelo meu quarto – bonecas com a cabeça riscada com hidrocor. Chocalhos, maracás e vários mordedores de todas as cores. Gatinhas, coelhinhas e todo tipo de bichinho de pelúcia que você possa imaginar... – e minha única vestimenta é uma fralda descartável.

Acordo-me com vários beijinhos e cócegas da minha irmãzinha velhinha e logo vem minha mãe trocar minha fralda e me dar um banho. Depois de mais de meia-hora na minha banheira com meus patinhos de borracha é hora de sair e ir papar... 

O resto do dia é brincando de boneca, várias danças malucas ao som de Xuxa, e à noitinha é hora de brincar de esconde-esconde com os filhos dos vizinhos, mas eles sempre dizem que eu sou café com leite, poxa... E eu vou chorando para os braços de mainha como se só ela e mais ninguém pudesse me entender.

Logo, logo vou tomar banho e vou dormir no meu bercinho cheio de ursinhos da Parmalat, pra quando for amanhã de manhã eu ter pique pra fazer tudo isso de novo.
Nesse instante, voltando ao presente com meus olhos cheios de lágrimas lembrando quantas vezes reclamava de que eu não tinha felicidade, de quem ninguém me queria bem. Só que eu nunca imaginei de que hoje, nessa idade que eu estou eu teria tantos problemas. E que futuramente, quando eu já estiver trabalhando, estiver casada, for mãe, é que eu vou ter motivos para me preocupar. 

O que eu quero dizer é que todo dia devemos agradecer pelo o que nos é dado e sim, agradecer sim a Deus por todas as pedras colocadas em nosso caminho. Se não passarmos pelo ruim, jamais saberemos o que é bom.  Já está mais do que na hora de nós, adolescentes parar de dar xiliques quando não temos o que queremos. Vamos deixar pra desabar quando não houver mais solução alguma, beleza? 

                                                   Fiquem com Papai do Céu.

Tatiane Castro

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